Mentalidade de plástico e uma imagem a zelar

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

O que eu odeio, mais do que suco de murici, são os jovens de classe média de Fortaleza. 70% das pessoas com quem convivo fazem parte desse universo. Como é o único que eu conheço, é o único que posso odiar.

A começar pela segregação social e inversão de valores. São adeptos dos estilos de vida "Viva o luxo e morra o bucho" e do "Visual é tudo, atitude não é nada". Totalmente materialistas, consumistas, egoístas, narcisistas e todo tipo de "ista", exceto humanistas. Altamente mal-educados, não respeitam ninguém.
Têm relações de puro interesse com as pessoas. O que vale é o colégio ou a faculdade que cursa - Já que boa parte das pessoas que fazem faculdade é da classe média - (quanto mais cara a mensalidade, mais bem qualificado é). E para os de Universidade Pública, o nível de status depende do curso (Medicina e Direito valem muito mais pontos que qualquer licenciatura). Também conta os locais que freqüentam. Quanto mais longe, mais caro e menos acessível; melhor.
Celular que tira foto pra registrar as baladas bombando e andam com o fone dependurado no ouvido, parece até que são empresários e não podem ficar sem o maldito telefone. Se arrumam para festas como se fosse o evento do ano e idolátram os Fast and Furious com luz neon, DVD em seus carros rebaixadíssimos (como é que anda nisso nas ruas daqui?) e seus paredões de som. Reparam nos outros, em tudo que a pessoa ta fazendo e vestindo. Acham que ir pra Raves e ouvir musica eletrônica é algum tipo de evolução social, cultural, sei lá... Têm uma incrível capacidade de aderir a modas escrotas.
Pagam fortunas por abadás de blocos e choram por pagar 2 reais num produto vendido por um ambulante que tem família pra sustentar.
Sentem prazer em esnobar, derrubar e subestimar os outros; sempre com alguma resposta mal-criada na ponta da lingua, pois o que importa é sair por cima, ser superior. Não pode o tempo ficar nublado e a temperatura cair pra 26° C que aparecem uns bestas com camisa de manga comprida. Se comportam como se fossem do centro-sul, não perdem uma oportunidade de escrever em inglês.
Parece que ser intelectual é ler O Mundo de Sofia, Quando Nietzsche Chorou, assistir Laranja Mecânica, adorar os filmes do Almodovar. E ser underground é encher a cara, fumar maconha e falar mal do pop com argumentos sem fundamentos.

E o pior que eu acho é ter "vergonha" da cultura nordestina (Usei a palavra vergonha pq não me veio outra à cabeça).
Ridicularizam o Maracatu, Bumba-meu-boi, trocam as gírias cearenses pelas que ouvem na televisão e soltam piadinhas ao ouvir um Arriégua, mah!, têm nojo da culinária nordestina, a não ser que seja uma tapioca com recheio de chocolate ¬¬. Vivem nos McDonalds da vida.

Os boyzinhos, uns trogloditas, vivem em academias morrendo de malhar, com seus moicanos à David Beckham ou seus bonezinhos da Von Dutch. Contando por ai suas proezas com as mulheres, quantas comeu, quanto tempo demorou até comer cada uma. Fazendo parte de Torcidas Organizadas, sem o menor interesse por futebol, pois só vão aos estádios pra gritar os gritos de guerra, brigar por ai e pichar muros. Querem ser o Cauã Raymond.
As gatinhas, umas putas disfarçadas, se acham melhor que as outras, olham você por baixo e fazem logo uma cara de desprezo antes mesmo de você falar com elas. Como se todos os homens que chegam perto dessas cunhãs fosse pra dar em cima. Passam horas ajeitando os peitos, tentando dar volume e tiram uma ruma de fotos sensuais pra colocar no fotolog e no orkut. Querem ser a Britney Spears beijando a Madonna.

Hipocrisias à parte, eu faço parte desse mundo, mas minha personalidade não me deixa ser tão imbecil assim.

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